sábado, 25 de abril de 2009

KALAREL WHO?

Sessão ocorrida em 25/04/2009 – Journal Entry #002

REGIÃO: Nentir Vale - Winterheaven

- WRAFTON’S INN: Após comerem uma deliciosa refeição e fazerem os arranjos para quartos na estalagem, os heróis, sentados à mesa, discutem seus próximos passos. Resolvem perguntar sobre a Savana Wrafton, a proprietária da estalagem sobre a história da região e se ela conhece algo sobre alguma antiga cripta nas proximidades da região. Savana diz que o vilarejo foi fundado na época do antigo império, sobre a proteção de uma fortaleza ao norte que hoje se encontrava em ruínas e que possivelmente teria virado lar de seres tenebrosos com o passar das décadas. Conta também que a região vem sendo atacada por kobolds e que nos últimos tempos estes ataques teriam aumentado e que Lorde Pandraig, o dignitário líder do vilarejo, talvez pudesse empregar os aventureiros no combate à ameaça dos dracônicos. Ela não nada sabe sobre tal cripta, mas que o velho fazendeiro Eillan sabe bastante sobre a história da região.
Eillan é um velho fazendeiro que habitualmente para na Wrafton’s para beber e conversar. O simpático velho aceita se juntar à mesa dos heróis para conversar. Durante a conversa, descobrem que Douven Staul realmente passou por Winterheaven à cerca de dois meses e teria ficado amigo do velho Eillan e realmente estava à procura de um local das proximidades que acreditava ser o local de sepultamento de um antigo dragão. Aparentemente Staul estava atrás dos possíveis tesouros que poderiam estar enterrados junto com a fera.
Matrim tenta cortejar a jovem elfa que estava bebendo sozinha numa mesa num canto do salão comunal da estalagem, mas ela rechaça todas as suas investidas de forma até grosseira.
Os heróis também tentam puxar papo com Valthrum, um tipo de sábio da região, ele conta que a fortaleza ao norte datava da época do império e havia sido construída por um cavaleiro chamado Sir Keegan com o intuito de deter alguma ameaça que ele não estava certo o que era. Reforça a opinião de Savana sobre a fortaleza dizendo que há tempos estava abandonada e que hoje poderia ser assombrada e perigosa. Aparentemente ninguém que foi explorar as ruínas nas últimas décadas retornava para contar o que havia por lá. Porém os heróis conduzem a conversa de forma bastante inapropriada, praticamente se convidando para fuçarem nas anotações e tomos do erudito, fato parece desagradar bastante o ancião que pede licença para se retirar. Por fim, os heróis decidem ir procurar por Lorde Pandraig em sua mansão nos muros internos do vilarejo para checar sobre a ameaça kobold.
- MANSÃO PANDRAIG: Os heróis conversam com Lorde Ernest Pandraig e se oferecem para eliminar os problemas com os kobolds que vem atacando a região. Na verdade, eles estão seguindo a trilha que encontraram em Cloak Wood que sugeria que Irontooth, o líder do bando kobold, poderia estar envolvido na captura dos tribais desaparecidos. Lorde Pandraig conta que há tempos vem tentando erguer forças para combater o bando, mas que não possui meios, nem voluntários, suficientes para tal. Ele oferece uma recompensa de 100 GP pela cabeça de Irontooth e todo espólio que os heróis encontrarem no Covil dos kobolds, mesmo que estes pertencessem aos moradores de Winterheaven anteriormente.
- COVIL KOBOLD: Seguindo as orientações de Lorde Pandraig, os heróis localizam o esconderijo dos Kobolds. Apesar de tentarem se aproximar sorrateiramente, os heróis são identificados e um combate intenso acontece. Os heróis matam diversos kobolds, mas dois deles conseguem escapar para uma caverna oculta por trás de uma queda d’água. Ao perseguirem os fugitivos caverna adentro, os heróis encontram uma turba de kobolds furiosos que os ataca a primeira vista. Os heróis são recebidos por uma chuva de azagaias e espremidos pelo bando que estava em clara superioridade numérica. Os Kobolds parecem ser liderados pelo goblin Irontooth, que luta com uma feracidade imensa. O combate não vai muito bem para os heróis que apesar de derrotarem os inimigos acabam tendo duas baixas: o bardo Matrim e o xamã Belkar. Goc se recorda de ter ouvido falar da existência de rituais capazes de trazer pessoas recém mortas de volta a vida. Godgedemed e Aghro urgem de volta para Winterheaven com o corpo dos amigos mortos à procura de ajuda da sacerdotisa do vilarejo, Irmã Linora, enquanto SideWinder e Goc ficam para trás para revistarem o covil a procura de pistas. Eles encontram uma carta endereçada ao goblin morto e assinada por alguém chamado Kalarel. A carta faz menção à volta de servos do Deus Orcus para a região e que Kalarel teria um espião infiltrado em Winterheaven. Os heróis também encontram uma substancial quantia em moedas e percebem que a armadura utilizada por Irontooth é mágica. SideWinder e Goc voltam para Winterheaven também e se encontram com os amigos no Templo de Avandra.
- TEMPLO DE AVANDRA: Irmã Linora, a jovem sacerdotisa do templo, pronto atende os heróis desesperados para salvarem seus amigos. Ela diz que deve ter um ou dois pergaminhos do ritual de ressurreição e sai para procurar. Godgedemed requisita a presença de Lorde Pandraig. O lorde chega ao templo e é informado do sucesso relativo da missão e lamenta profundamente pela queda de dois dos heróis. Os heróis mostram a carta encontrada no covil, o que deixa Lorde Pandraig transtornado. Ele pede que um guarda vá buscar Valthrum que também parece ficar bastante preocupado com a possibilidade de cultos ligados à Orcus estarem operando na região. Linora retorna de seus aposentos dizendo que possuía apenas um pergaminho do ritual de ressurreição. Os heróis teriam que escolher qual dos amigos seria trazido de volta a vida, mas Goc intercede dizendo que era vontade de Belkar cumprir o ciclo natural da vida. Valthrum conta que após ter falado com os heróis na taverna, aquilo despertou sua curiosidade e ele acabou indo pesquisar mais sobre a história da fortaleza. Conta que na verdade a fortaleza foi criada para proteger um selo místico colocado pelo antigo império sobre uma fenda que ligava o plano normal à Shadowfell. À Sir Keegan foi dada a incumbência de comandar a fortaleza e proteger o selo para que ele nunca fosse violado. Mas com a queda do império, Keegan acabou enlouquecendo influenciado pela forças ocultas da Shadowfell e levado a matar todos os habitantes do forte, o que trouxe ruína à fortaleza. Desde então o lugar tem sido assombrado pelos fantasmas daqueles que um dia juraram proteger o selo. E quem quer que esse tal Kalarel fosse devia ser poderoso o suficiente se foi capaz de tomar o forte para si. Valthrum ressalta a importância de impedir que a fenda seja reaberta e pede Pandraig interceda junto aos heróis por ajuda. Lorde Pandraig então oferece arcar com os custos do ritual de ressurreição como forma de pagamento pela ajuda dos heróis.
Os heróis preparam o funeral de Belkar enquanto Linora começa os preparativos para trazer Matrim de volta à vida. O funeral de Belkar acontece de forma simples, nos terrenos do templo. Pandraig e Valthrum comparecem ao funeral prestando suas honras ao herói caído.
Após o funeral os heróis retornam à Wrafton’s e bem até o amanhecer em homenagem ao amigo morto. Todos vão dormir bêbados e quando acordam no outro dia recebem a feliz notícia que Matrim estava bem, mas em repouso no templo. Eles então vão visitá-lo e decidem que precisam ir para a fortaleza no próximo dia. Aghro sai pelo vilarejo em busca de poções de cura para comprar para a próxima jornada do grupo. Ao cair da noite os sinos do alarme da cidade começam a tocar. Os portões são fechados e os heróis, inclusive Matrim vão aos portões para descobrirem o que está acontecendo. Aparentemente alguma coisa estava acontecendo no cemitério da cidade que ficava a meia milha ao sul do vilarejo. Os heróis resolvem ir investigar de perto.
-CEMITÉRIO DE WINTERHEAVEN: Ao chegarem ao cemitério os heróis encontram sinais de tumbas remexidas. Uma luz azulada brilha próxima a um dos mausoléus. Ao entrarem no cemitério, são atacados por esqueletos que se levantam da terra ao seu redor. Além dos esqueletos, duas bestas infernais também atacam os heróis. No meio do combate os heróis descobrem quem estava por trás do engodo: Ninaran, a elfa que haviam trombado na Wrafton’s dias atrás. O combate é intenso e as poções de cura recém adquiridas provam-se valiosas para os heróis. Os heróis vencem, derrotando a elfa maligna. Com ela, encontram mais uma carta de Kalarel, indicando que ela era a espiã infiltrada em Winterheaven. Mais uma vez, indícios apontam que Kalarel estaria próximo a conclusão de seu ritual para abertura da fenda da fortaleza. Mas os heróis pretendem detê-lo.


Sumário da Sessão:

QUESTS COMPLETADAS: Nenhuma

XP GANHO: 520 XP por personagem

DINHEIRO GANHO: 557 GP + 95 SP

DINHEIRO GASTO:
  • 3 dias de hospedagem na Wrafton’s Inn (2 quartos): 30 sp

  • 10 refeições na Wrafton’s Inn + Ale: 40 sp

  • Funeral de Belkar: 1 GP colocada na mão dele para pagamento da travessia.

  • (2) Sunrods na Grande Loja de Bairwin: 4gp

  • (7) Healing Potions na Grande Loja de Bairwin: 350 GP

CONSUMÍVEIS GASTOS: (2) Sunrods; (5) Healing Potions

ITEMS MUNDANOS COMPRADOS: (2) Sunrods

ITEMS MÁGICOS ENCONTRADOS: Veteran’s Hide Armor +1

ITEMS MÁGICOS COMPRADOS: (7) Healing Potions

SALDO EM MOEDAS: + 202 GP e 25 SP = 40 GP e 9 SP por personagm.

O dinheiro foi distribuido nas áreas SHOP de cada personagem. As poções restantes estão com Matrim e Goc. A armadura mágica que pertencia a Irontooth está não-equipada (por conta do tamanho) com Godgedemed.


HERÓIS ATINGEM NÍVEL 2



MORTE DE BELKAR BLACKMOORE

sexta-feira, 10 de abril de 2009

IN RESCUE OF THE SURVIVORS

Sessão ocorrida em 10/04/2009 - Journal Entry #001

REGIÃO: Nentir Vale - Timberwold/Cloak Wood/Fallcrest/Winterheaven

- FALLCREST: Goc, Belkar e Matrim se conhecem na Estalagem Nentir, propriedade do meio-elfo Erandil Zemoar. Decidem ir juntos em direção à Timberwold.
- TIMBERWOLD: Aghro, Sidewinder e Godgedemed se recuperam do massacre do Vale do Rio Arenoso. Pedem permissão à Barba Verde (pai de Aghro) e ao lider Torik para sairem e investigarem a região do ataque. Enquanto planejam a missão, conhecem os recém chegados Goc, Belkar e Matrim.
- TIMBERWOLD: Quando se preparam para sair, um sobrevivente chamado Tronco Largo chega muito machudado dizendo terem sido emboscados por criaturas nas proximidades dos limites sul de Cloak Wood.
- CLOAK WOOD: Os heróis encontram os sinais da emboscada e seguem a trilha de pegadas dos atacantes até o interior da floresta. Andam por horas até as ruínas de um Masouleu que está sendo utilizada como base de um bando de Kobolds.
- KOBOLD HALL: Os heróis derrotam o bando de Kobolds e encontram alguns sobreviventes que haviam sido capturados. Os sobreviventes estavam sendo mantidos prisioneiros numa cela na sala do Chefe dos Kobolds. Os heróis capturam um dos Kobolds vivo, e descobrem que os Kobolds estavam comercializando escravos em troca de ouro. Enviam um pássaro mensageiro solicitando um destacamento de Anões aos martelo de pedra para escoltarem os sobreviventes em segurança até Timberwold. Os heróis também encontram uma passagem secreta que leva a uma grande galeira subterrânea.
- LAIR OF SZARTHARRAX: Investigando a caverna subterrânea, os heróis se deparam com a verdadeira ameaça da região: o jovem dragão branco Szartharrax. Os heróis lutam com o dragão por suas vidas e acabam o derrotando. No tesouro do dragão, acham a espada de Douven Staul (Harsh Songblade +1); um Martelo de Gelo (Frost Warhammer +1); uma Hide Armor (Poucing Beast Hide Armor +1) e uma capa mágica (Cape of Mountebank +1). Os heróis pegam peles, dentes e garras do dragão morto como troféus da vitória. Junto à espada de Douven Staul encontram também uma carta endereçada a Szartharrax e assinada por alguém chamado Irontooth que implica que o dragão e os kobolds estavam vendendo escravos para ele. Aparentemente Irontooth opera algo importante na região de Winterheaven. Além disso, Matrim encontra num compartimento secreto da espada de Staul um mapa de viagem que aparentemente pertencia ao próprio Staul com indicações da Tumba de Ytlerxxes, próxima de Winterheaven.
- FALLCREST: os heróis decidem ir para Winterheaven, mas o caminho os faz passar por Fallcrest. Lá eles encomendam o trabalho da artesã elfa Mebel Greensleeves para que confeccione duas armaduras com o couro que retiraram do dragão. Matrim também compra um escudo do anão Teldorthan Ironhews, considerado um dos melhores ferreiros da região.
- WINTERHEAVEN: Ao se aproximarem de Winterheaven os heróis são atacados por mais um bando de kobolds, indicando que os serezinhos também operam proximos a esta região. A cidade de Winterheaven parece pacata, e os heróis são bem recebidos pela Estalajadeira local: Savana Wrafton, uma humana nos seus altos 40 anos, simpatica e cordial.


Sumário da Sessão:

QUESTS COMPLETADAS: "In Rescue of the Survivors"

XP GAIN: 638 XP por personagem

DINHEIRO GANHO: 160 GP + PEARL (20 GP) + 94 SP - o dinheiro foi dividido em parte iguais nas sessões SHOP de cada character (30 GP e 15 SP).

DINHEIRO GASTO: 7 SP por personagem (Nentir Inn - Fallcrest); 6 GP por um escudo para Matrim (Teldorthan's Arm - Fallcrest)

COMPONENTES GASTOS: 10GP em Alchemical Reagents (por Matrim - Comprehend Languages em Kobold Hall)

ITEMS MUNDANOS COMPRADOS: Light Shield

ITEMS MÁGICOS ENCONTRADOS: Harsh Songblade Longsword +1; Cape of Mountebank +1; Frost Warhammer +1; Poucing Beast Armor +1

ITEMS MÁGICOS COMPRADOS: Nenhum

quarta-feira, 1 de abril de 2009

SHALL THE SPIRITS FORGIVE ' EM

Prelúdio - Journal Entry #000

A cada 10 anos, durante o solstício de inverno, aconteciam as festividades do Grande Espírito. Durante os anos que antecediam as festividades, xamãs e druidas de várias tribos esqueciam suas diferenças pessoais e se reuniam periodicamente para descobrirem o local onde ocorreriam as festividades da década. Sim, descobrirem, pois o local nunca era escolhido por eles, mas apontado pelos astros e sussurrados pelos espíritos a serviço da Dama Esmeralda.
Fatidicamente, naquela década, os espíritos apontaram uma inóspita região conhecida como Vale do Rio Arenoso como o local propício para sediar o festival.
Duas semanas antes do primeiro dia de solstício, chegaram ao vale os anões do clã Martelo de Pedra, uma tribo de anões que, muitos anos antes de Hammefast ser fundada, se separou de seus irmãos da montanha e foram viver nas verdejantes florestas de Timberwold. Depois deles chegaram os goliath da tribo do Urso, vindos das Fendas dos Nômades; as tribos humanas de Winterbole; os elfos de Treesay Heaven; e os selvagens da tribo Garras Afiadas. Outras delegações de tribos, vindas das mais diversos pontos de Tanyr Norte, também se juntaram as primeiras. Uma a uma foram levantando acampamentos em torno do vale e os preparativos das festas começaram a ser providenciados.
Ao raiar do primeiro dia do solstício de inverno os jogos começaram. As tribos competiam entre si, apresentando seus campeões. Todas as diferenças que foram construídas naqueles dez anos eram completamente esquecidas naquele momento. Os competidores engajavam em desafios de força, velocidade, destreza e habilidade. Os druidas e xamãs organizavam os cânticos e orações. As tribos dançavam, bebiam e comiam sob as bênçãos do Grande Espírito. Melora e a Dama Esmeralda sorriam para todos eles.
Mas Erathis não devia estar em um bom dia. Porque ao sul do Vale do Rio Arenoso se erguia uma cidade construída sob o augúrio de um antigo reino. Construída a mais de 100 anos no topo da colina da Pilha dos Ossos, Kedalwick é uma cidade de sobreviventes. Seus habitantes aprenderam a viver sob a proteção de seus muros, e foram moldados pelo medo ensinado pelos diversos ataques que sofreram ao longo dos anos pelos humanóides monstruosos que habitam os ermos da região.
Quando os rumores da formação de um grande exército ao norte de Kedalwick chegaram aos ouvidos do Primado da cidade, a população de Kedalwick entrou em pânico. Batedores foram mandados ao Vale do Rio Arenoso para confirmarem a notícia e o que viram os fez tremer. Centenas, talvez milhares de homens selvagens e monstros, armados com seus martelos, clavas e lanças, praticando exercícios militares, enquanto bebiam e, provavelmente, festejavam antecipadamente os futuros espólios da invasão. O sino de Kedalwick soou convocando a milícia. As duas antigas catapultas foram retiradas do armazém, e o Primado marchou à frente de seus homens em direção ao vale.
Após o primeiro dia de competição, os homens e mulheres das tribos de Tanyr Norte fizeram uma grande festa. Amizades foram construídas e garrafas esvaziadas. Um segundo tipo de competição começou, e as canecas eram completadas e esvaziadas numa velocidade que deve ter deixado orgulhoso o espírito do guepardo que por ali vagava.
A lua já estava alta quando a corneta soou. Duas bolas de fogo riscaram os céus até se alojarem no centro do acampamento da tribo do Urso, rolando sobre as barracas, consumindo homens, mulheres e crianças. Os homens bêbados de sono, cansaço e cerveja corriam em busca de suas armas. A turba brilhante desceu a encosta com fúria, iluminada pelo clarão das flechas.
Godgedémed acordou com o clamor da batalha - ao seu lado, Stalla chorava. Pegou sua arma e puxou sua amada para fora da tenda. Correu desesperado a procura de sua família, mas só encontrou o irmão de Stalla, Kavaki, que havia se ferido no fogo. Já podia ouvir o tilintar das armas e os gritos de agonia. Deixou Stalla sob a proteção do cunhado e partiu para o front da batalha. Um homem brandiu a espada em sua direção almejando seu peito. Godgedémed desviou do golpe e cravou a ponta de sua picareta no crânio do infeliz. Mais um inimigo apareceu interrompendo seu caminho às linhas de defesa que pateticamente se formavam ao longe, e depois outro e mais outro. Godgedémed encontrava-se cercado e buscou a ajuda do espírito da pantera. Partiu cego para cima de seus inimigos, destroçando braços, pernas e troncos. Uma flecha acertou-o no ombro, mas ele ignorou a dor. Outra flecha perfurou sua carne, agora na perna, fazendo seu joelho se dobrar. Viu-se a mercê de seus algozes e preparou-se para ser recebido pelo Grande Espírito no salão de Jade, mas o golpe mortal não veio. Ao invés da lâmina de uma espada, o que viu foram altos espinhos de pedra brotando furiosamente do chão a sua volta. Magicamente, os espinhos evitaram apenas ele, enquanto perfuravam as entranhas dos homens a sua volta. Uma mão se estendeu oferecendo apoio e Godgedémed a aceitou, prontamente reconhecendo seu dono, Aghro Stonehammer. Havia conhecido Aghro durante as festividades do dia. Era um anão jovem, forte e robusto, aprendiz dos guardiões de Timberwold, e o filho mais novo do xamã da tribo Martelo de Pedra que, pela manhã, havia lhe presenteado com sua nova picareta como forma de honraria pela sua habilidade em combate.
Aghro era rudimentar no trato social, mas nada diferente do que a maioria dos homens que dedicam sua vida à proteção dos ermos. Taciturno, coberto de peles e couro mal trabalhados e sempre com seus cabelos e barba castanhos emaranhados, Aghro facilmente poderia ser confundido com uma fera da floresta, se não fosse pelo escudo de madeira e o martelo de pedra que brandia com precisão enquanto lutava.
Aghro quebrou a ponta da flecha que atravessava a perna esquerda de Godgedémed e a retirou, imediatamente estancando o sangue do goliath com uma bandagem improvisada. Garantiu que o gigante estava em condições de batalha e juntos partiram para o centro do massacre.
Guerreiros de todas as tribos avançavam contra as linhas inimigas com selvageria. Druidas em suas formas animais lutavam ao lado das forças tribais. Sunkha, o líder da tribo dos Guarras Afiadas pulou à frente visando abrir uma fenda entre os escudos inimigos, tentando assim, recuperar alguma vantagem para as forças tribais que estavam sendo sobrepujadas. Foi engolido pela turba inimiga e arrastado para longe dos seus. Um grande tigre branco urrou.
Godgedémed e Aghro Stonehammer se juntaram aos tribais, tomando parte da luta ensandecida. Os minutos pareceram horas. Lanças, espadas e martelos desferindo golpe atrás de golpe. Escudos e cabeças sendo despedaçados. Flechas e virotes zunindo em suas orelhas.
Uma lança com destino certo ao coração de Aghro foi interceptada pelo tigre branco que caiu ferido, retornando a sua forma humanóide. O exército inimigo avançou fazendo as forças tribais se separarem e recuarem. Fugirem.
Aghro carregou o corpo inerte do selvagem que o protegeu durante toda a retirada. Não importava se estava morto, aquele Garra Afiada teria um funeral apropriado.
Parte dos tribais andou por léguas até conseguirem refúgio sob a proteção da floresta de Timberwold. Curaram seus feridos e choraram seus mortos. Longos dias se passaram até que uma a uma as tribos começaram a retornar para seus lares. Muitos juraram vingança contra Kedalwick, outros rogaram apenas para que os espíritos os permitissem esquecer aquela noite.
Os sobreviventes da tribo do Urso que ali estavam se prepararam para partir, mas não Godgedémed. Este resolveu ficar entre os anões de Timberwold. Não podia voltar para casa, não sabendo que parte da vigília da noite nos limites do acampamento das festividades deveria ter sido sua e não de seu irmão, que a fez em seu lugar e nunca retornou da batalha.
Nenhum Garra Afiada rumou para Timberwold. Talvez todos tivessem perecido na batalha, talvez sido capturados, não era possível dizer. O único sobrevivente dos selvagens foi aquele que Aghro carregou e que, afinal, não estava completamente morto.

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Os olhos de Belkar Blackmore estavam fixos no casebre. Pensava ser aquela a última vez que veria aquele que fora seu lar pelos últimos 8 anos. Tinha que decidir para onde ir, mas ainda não tinha certeza. Considerou mais uma vez rumar em direção ao Vale do Rio Arenoso, mas considerou que nunca conseguiriam chegar a tempo das festividades do solstício de inverno. Eles teriam que ter partido há pelo menos uma semana – e o teriam feito caso a enfermidade do Velho não tivesse se agravado tanto – para conseguirem participar dos primeiros ritos do festival. “Só daqui a dez anos” – divagou consigo mesmo, lembrando-se da expectativa que o Velho criará em sua mente ao longo dos anos. A voz de Goc interrompeu seus pensamentos trazendo-o de volta a realidade.
- Vamos, Bel, temos que ir. O senhor Tanner falou que nos daria uma carona se não nos atrasássemos – disse o gnomo que conhecia Belkar desde pequeno. Quando o Velho o adotou, Goc já vivia por ali. Goc e o Velho eram grandes amigos. O Velho costumava dizer que Goc era um espírito da floresta, mas Belkar nunca acreditou muito nisso, já que aparentemente nem o próprio Goc tinha certeza de suas origens ou passado.
Timberwold parecia um destino válido. Se não podia participar do festival, poderia, ao menos, escutar as histórias através dos anões. Se calculassem corretamente, chegariam a Timberwold logo após o retorno dos Martelo de Pedra, enquanto as histórias ainda estariam frescas e exageradas. Partiram junto a uma caravana mercante que rumava para sul em direção a Fallcrest. Pretendiam passar alguns dias na cidade antes de seguir viagem. Belkar estava ansioso, pois havia estado ali uma única vez ainda quando criança e lembrava-se da beleza da cidade.
Ao descerem da carroça e agradecerem ao velho fazendeiro Tanner, Belkar ficou maravilhado. A cidade continuava tão grande e viva quanto ele se lembrava, mesmo tendo ele próprio crescido alguns bons centímetros desde a última vez que esteve ali. Apesar de seu pequeno porte, se comparada às outras cidades do continente, Fallcrest é sem dúvida a maior e mais próspera cidade do Vale Nentir. Incrustada nas Colinas da Lua, às margens do Rio Nentir, Fallcrest é o cruzamento de todas as rotas comerciais da região.
Nas ruas apertadas, as pessoas passavam apressadas trombando umas nas outras, as vozes dos mercantes se sobrepunham às infindáveis conversas em alto tom de grupos aqui e ali. Belkar apertou forte sua bolsa de moedas junto ao corpo e seguiu caminhando rua abaixo com Goc a seu lado. A fome, sede e cansaço da viagem começavam a incomodar bem quando sentiram o cheiro de comida vindo da Hospedaria Nentir.
Na área comum da hospedaria alguns patronos bebiam e conversavam. Belkar se aproximou do balcão e pediu dois pratos de cozido e cerveja. Entregou um prato e uma caneca pra Goc e se viraram para o salão procurando uma mesa para sentarem. Um rapaz, com idade mais ou menos aproximada a de Belkar, convidou-os para juntarem-se a ele na mesa. Seu nome era Matrim Cauthon e ele vinha de uma cidade litorânea a sudoeste do continente chamada Porto Prata.
Mat, como preferia ser chamado, era algum tipo estranho de historiador, e mostrou um genuíno interesse nas histórias de Goc e Belkar. Ele próprio estava em Fallcrest fazia dois dias, seguindo a trilha de um renomado historiador chamado Douven Staul, que havia desaparecido há algum tempo e fora visto pela última vez a caminho da região do Vale.
Ao continuarem a conversa, perceberam que o destino poderia estar trabalhando naquele exato momento, pois, pelo que Matrim conseguiu levantar nos seus dois dias de estadia em Fallcrest, é que a trilha para Staul agora apontava para a floresta de Timberwold...